Luzes Espaciais
Redentor, As Agulhas, Floresta dos Espinhos - Antes da Invasão e do Sequestro de Invikta Noah.
Louisa não sabia exatamente o que havia acontecido, porque, de repente, seus pensamentos estavam recortados. Mas tinha certeza de que não deveria estar ali fora. Estava sentada no meio de uma floresta morta. As árvores estavam ali, mas, claramente, estavam mortas e realmente lembravam espinhos gigantes. Mas não deviam estar mortas de verdade. Queria dizer, como algo podia estar morto e continuar de pé? Elas deviam estar fingindo, as árvores. Devia ser algum tipo de fingimento para sobreviverem naquela temperatura tão extrema.
Louisa estava fingindo. Estava sentada no meio das árvores mortas, se aquecendo como era possível. As luvas sem dedos não a protegiam. Não devia ter saído assim. Não devia ter... saído. Não era para sair, lembrava que não era, mas tudo estava tão fora de ordem que... só precisou. Sair, respirar, correr ao máximo que podia. E correu. Correu até ficar fraca, até não ter mais stamina, até não ter como se defender do frio. Então, estava fingindo, como as árvores mortas que não estão mortas de verdade.
Iris havia acordado e não existia mais a sua Vik na mente dela. Ela havia acordado e, agora, tudo era apenas uma ideia distante de algo que não conseguia julgar se havia acontecido ou não.
Sua mente gritava.
Olhou para o alto e era como um volumoso ninho gigante; os galhos secos se fechavam acima da sua cabeça, e ela mal podia ver a luz do sol. Achava que estava anoitecendo. Não devia estar ali. Os guardas viriam buscá-la? E, se viessem, iriam matá-la? Não devia ter saído, repetiu mentalmente, enquanto abraçava os joelhos contra o próprio abdômen. Não devia ter saído.
Não sabia quanto tempo havia se passado. Só sabia que estava sem stamina até para se colocar de pé, mas, quando olhou pra cima, já durante a noite alta, achou ter visto algo cruzando o céu. Era triangular, negro, mas tinha luzes espaciais: lilás-espacial, verde-boreal. Para Louisa, era apenas triangular e preto, com cores bonitas. Por que tão bonitas? As cores? Às vezes, achava que as cores eram o melhor que este mundo tinha.
Baixou a cabeça novamente e, quando despertou, estava nos braços de alguém.
— Não, não, é esquisito! Por que é tão esquisito?!
Vik a apertou nos braços. Sabia que ela ia acordar de sobressalto, por isso não saiu de sua posição em momento nenhum. A nave triangular aguardava por elas, luzes ligadas, do outro lado daquele enorme ninho, onde Louisa tinha se enfiado e somente Vik conseguiu passar. Não se sabia muito bem como. Algumas coisas, apenas Pura Heroína era capaz de fazer.
Ou aliens.
— Você está off stamina, Louisa, mas estou aqui com você. Precisa só... carregar um pouco mais. Aquela nave é muito rápida, pode te apagar severamente se você não estiver com um pouco mais de energia — Vik respondeu, ajustando sua pegada nela e o cobertor térmico também. Estavam enroladas num cobertor térmico.
Ela ficou quieta por um instante. A nave brilhava do lado de fora do ninho. Era Vik. Não a sua. A outra Vik.
— Por que... por que mandaram você?
— Ninguém me mandou, eu quis vir.
— E... deixaram você sair?
— Aquela nave está cheia de soldados Guardians.
Silêncio. Louisa estava claramente processando as coisas no seu próprio algoritmo. Os braços de Vik cruzados pelo seu colo, as pernas a prendendo pela cintura, o rosto dela repousando na sua nuca. E a sensação nunca seria agradável, a tal recarga de stamina, mas precisava admitir que a sensação secundária era... confortável.
Louisa havia escapado das Agulhas em busca de algum conforto. Achava que tinha sido isso ao final.
— Você não acha que... isso aqui parece um ninho?
Sorriso de Vik.
— Acho que parece com algo que um pássaro gigante faria.
— O que você acha que fez algo assim?
Vik respirou fundo. Louisa fazia perguntas muito intrigantes, sempre.
— Acho que foi o tempo. Venta muito em Redentor. Os galhos se dobraram e criaram este ninho. É dezembro, venta mais em dezembro por aqui.
— O que dezembro é?
— Dezembro?
— Eu não conheço essa palavra. Já ouvi, mas... não lembro o que é.
— É... um mês. Meses são partes de um ano, sendo um período de 365 dias. Esses dias se dividem em meses, os quais são grupos de 28 a 31 dias. O último mês deste período se chama dezembro. Costumava ser um mês especial, quero dizer, ainda é no meu planeta — A ajustou um pouco mais contra si. Podia ouvir o coração dela, ainda estava disparado, mas ela estava claramente se acalmando.
— Por que é especial?
— Porque... costuma ter muitas luzes nesse mês. Há algo chamado “Natal” e...
— Quem nasceu?
— Como?
— Natal, alguém deve ter nascido.
Vik riu.
— Alguém nasceu. Um cara chamado “Jesus Cristo”, fundador da maioria das religiões, essas que aqui não fazem mais sentido.
— Ele gostava de luzes?
Outro sorriso de Vik.
— Olha, eu... não tenho certeza, mas as luzes viraram uma tradição. Posso pesquisar na internet, mas não faço ideia de como isso se tornou tradicional. Deve ter a ver com velas ou...
— Spirit, pesquisar luzes de Natal.
“Em 1882, um amigo e sócio de Thomas Edison na sua empresa, Edward H. Johnson, construiu o primeiro fio de luzes de Natal. Johnson montou à mão um conjunto com lâmpadas vermelhas, brancas e azuis e o enrolou à volta da árvore de Natal - estava assim decorado o primeiro pinheiro de Natal iluminado eletricamente.”
— Hum, quando esse cara nasceu?
— Você diz, Jesus?
— Isso, ele.
— No ano zero.
— É, ele não conheceu essas luzes. Mas são tão bonitas.
— Spirit mostrou a você?
— Sim. São como as luzes da nave, mas muito mais, de muitas cores.
— Você gostou?
— Devia ser algo bonito antes. É bonito no seu planeta?
— É muito bonito no meu planeta. Louisa, por que você escapou? Como você escapou?
Louisa respirou fundo e fechou os olhos por alguns instantes.
— Parece tão morto dentro daquele prédio. É como... essas árvores, que estão mortas ou vão morrer. Era diferente quando estávamos no Ninho do Pássaro. Havia algum conforto, eu acho. Mas você não lembra, porque não era você lá.
Silêncio. Um novo silêncio. Aquilo doía em Vik de maneira que não conseguia explicar.
— Bem, eu não lembro, mas posso te trazer algum conforto também.
— Como?
— Sabe que dia é hoje, Louisa? Vinte e três de dezembro. O Natal é dia 25, mas se comemora no dia 24. Se você aceitar voltar para As Agulhas comigo, posso te mostrar como é o Natal no meu planeta. Te mostrar como costumava ser o Natal neste planeta aqui também, quando as pessoas ainda o comemoravam.
Ela pensou, no seu próprio tempo.
— Você está me dando opção de voltar ou não?
— Estou. Mas se você decidir por não voltar, eu fujo com você.
Mais um longo silêncio. A mente processando cada informação, criando probabilidades, quase dava para ver. E então, ela falou:
— Mas... isso seria ruim, não é? Para a Coalisão.
Vik sorriu.
— Na verdade, seria.
Mais longos pensamentos.
— Eu... vou voltar com você.
— Ok, mais alguns minutos e acho que é suficiente.
Ficaram ali mais alguns minutos, em silêncio. Os olhos de Louisa grudados nas luzes da espaçonave e os batimentos dela passaram a se acalmar de fato. Ela estava respirando melhor, mais linearmente, e estava menos confusa quando se colocaram de pé.
Louisa havia saído sem luvas, sem casaco; não pretendia sair, mas saiu ainda assim, e Vik sabia que não teria uma explicação melhor do que aquela que ela já havia dado: As Agulhas pareciam algo morto. Para quem já tinha passado tanto tempo sozinha, Louisa valorizava o calor das pessoas. Seria algo que ela havia aprendido com Vik? Não aquela Vik, a outra Vik, a que ela chamava de sua. Respirou fundo. Venceram os espinhos do ninho gigante, conseguiram sair e alcançaram a nave triangular outra vez.
De fato, cheia de soldados Guardians. Em seus exoesqueletos. Tão frios. A nave fria. Palavras frias ou inexistentes. Vik estava começando a entender aquela fuga não planejada.
Voaram de volta. Louisa havia corrido incríveis 79 quilômetros em duas horas, tinha se afastado incrivelmente rápido e provavelmente apenas parou porque ficou sem stamina. Ou teria prosseguido. Tinham a encontrado porque o ninho havia intrigado Vik visto de cima. Louisa era uma sobrevivente, ela buscava lugares com algum tipo de teto; se sentia mais protegida assim. Bem, disso Vik não sabia, mas Lyra sabia e, da central de comando nas Agulhas, ela pediu para checarem o ninho.
Falando em Lyra Vega, ela estava no heliponto assim que pousaram.
E ela abraçou Louisa assim que chegaram.
— Por que você escapou? E por que voltou?
Duas perguntas para as quais Louisa não tinha exatamente respostas. Mas respondeu mesmo assim.
— Foi errado escapar. O correto é voltar.
Era o algoritmo heroína agindo nela.
Entraram, saíram daquele frio, foram até o quarto onde Louisa estava hospedada e esperaram que ela tomasse um banho quente. Estava praticamente congelada. E, quando ela voltou para o quarto, já vestida e aquecida, tinha um copo de chá quente esperando por ela.
— Está nevando — Foi a primeira coisa que ela disse assim que viu a neve caindo pela enorme janela de vidro da habitação.
— Como um Natal tradicional. Lyra, você sabe o que o Natal é? — Vik perguntou para ela.
— Natal? — Respirou fundo, buscando na mente. Lyra estava tomando medicações já havia alguns dias; a mente dela parecia cada vez mais clara. Ainda que confusa. Mas chegaram à conclusão de que o caos era parte da personalidade dela, não um traço mental irregular ou algo assim — É uma festa. Com luzes.
— E ocorre amanhã, não?
Ela checou o calendário com Opportunity:
— É amanhã.
— Quero mostrar para Louisa como é uma festa de Natal.
Lyra pareceu pensar muito profundamente sobre algo.
— É como... uma festa de aniversário?
— Como uma festa de aniversário?
— É, nós... nós duas somos capricornianas. Vi numa revista que encontramos uma vez. Eu nasci... — Buscou profundamente na mente.
— Em vinte de dezembro — Louisa disse de repente — Lembrei, conheço mesmo essa palavra.
— E você nasceu... 24 de dezembro. A mãe sempre dizia que a gente nasceu muito perto. Uma vez, a mãe fez uma festa. Não a minha. A última mãe do mundo. Eu não sei se era de Natal. Você lembra, Louisa?
Ela pareceu pensar. E levou minutos inteiros até responder e respondeu sorrindo. Vik achava que era o primeiro sorriso genuíno que via nela.
— Tinha bolo. Porque encontramos ovos e tinha farinha de trigo. E leite.
— Nunca mais teve. Os ovos, a farinha e o leite juntos. Mas tem aqui — Os olhos de Lyra brilharam, e Vik já estava sorrindo demais.
— A gente pode ter outra festa de aniversário, para vocês duas.
— E o homem, o homem do Natal — Louisa ressaltou.
— Ah, sim, para vocês três.
— E ainda pode ter as luzes? Não teve luzes na nossa — Era Louisa novamente.
— Só... a luz da lareira. E estava nevando. Cada um de nós teve um pedaço de bolo e um copo de chá! — Lyra ponderou, sorriso aberto, olhos brilhando. A lembrança não era apenas boa, era revigorante.
Vik sorriu, disse que cuidaria disso, saiu do quarto e, quando cruzou com Iris no corredor...
Desabou chorando.
— Ei, Vik, ei... O que aconteceu? Teve alguma intercorrência? Me disseram que Louisa se entregou pacificamente.
— Ela não queria ter fugido, não sabe por que fugiu — Disse, se recompondo — Elas... lembraram as datas de aniversário.
— Quem? Lyra e Louisa?
— Sim. Disseram ser em dezembro, 20 e 24.
— Faz sentido. Calculamos que ambas, de fato, devem ter nascido em dezembro, mas não havia como precisar o dia. Elas só lembraram?
— Acho que eu trouxe a elas algum gatilho de memória. Eu disse que vou fazer uma festa de Natal amanhã, conforme a tradição.
— Vik... — Iris sorriu.
— Você nunca mostrou para elas?
— Não havia espaço para essas coisas nos Labs.
— Mas você teve festas de Natal.
— Sim, muitas.
— E teve festas de aniversário, não?
Outro sorriso.
— Muitas também.
— Elas tiveram uma. Me contaram felizes, claramente felizes, de uma festa onde cada uma comeu um pedaço de bolo e um copo de chá. Essas meninas já sofreram muito. Eu sofri. Mas no conforto. Acho que Louisa escapou daqui pelo desconforto, pela frieza.
— Me deixe entender: você está pretendendo fazer uma festa de Natal e de aniversário aqui, neste lugar onde somos praticamente prisioneiras?
— É, acho que... não será complicado.
Sorriso de Iris Medina.
— Bem, combina com você.
— Como...?
— Com a garota que me fez fugir do exército Guardiam com ovos de galinha na mochila. Você sempre será uma luz, Vik.
E Iris sabia, era dessa luz que Louisa sentia falta.
Bem, ela não desistiu da ideia no dia seguinte. A tempestade de neve seguia lá fora e, durante a manhã, Vik mostrou imagens de como era o Natal em seu planeta, como eram as cores, as luzes. Não havia neve na Superterra, mas havia a tradição dos presentes, da ceia especial, da árvore de Natal e todas as luzes possíveis.
— Isso aqui é a nossa vila de Natal — Mostrou no notebook, e os olhos de Louisa brilharam demais.
— Tem neve também?
— É neve falsa, apenas para dar um clima. Mas tem essas cabanas de madeira e essas barracas, que vendem doces, comidas, bebidas.
— Tem comida específica? Como... a Páscoa?
— Você conhece a Páscoa?
— Sim, Iris nos dava chocolates. Era... a comida da Páscoa.
— Lembra do cara que nasceu hoje?
— Jesus Cristo.
— Este. Ele morreu na Páscoa.
Ela pareceu chocada.
— Por que comemos chocolate? Pensei que ele era um homem bom.
— Mas ele foi bom.
— E por que comemoram a morte dele com chocolate?
Vik teve um ataque de riso.
— É que ele morreu, mas ressuscitou.
— Como? Tinha tanta tecnologia assim no ano zero?
— Não tinha, é que... Como é difícil explicar!
— Ele era um super-herói, como a Supergirl?
— Você quer dizer algo que só existe nos livros?
— Isso. Porque nos livros, tudo é possível.
— Ele... tipo, tem um livro sobre ele.
Mais tarde, Vik falou com Isla sobre o preparo de bolos. Ela cruzou os braços e piscou os olhos.
— Você quer fazer... cupcakes?
— Isso! É para hoje à noite.
— Olha bem pra mim, Invikta Noah: você acha mesmo que sei fazer cupcakes?
— Iris disse que sabe.
Bem, ela sabia. E aceitou fazer cupcakes, e panquecas também. A história da ceia de Natal se espalhou, e um dos soldados disse ter... gansos. Três gansos caçados pela equipe de campo. Podiam assar? Podiam assar. Havia salada, arroz. Alguém trouxe peixes, muitos peixes. E no meio de tudo isso sendo preparado na cozinha, Lyra Vega apareceu. Com cara de quem queria pedir algo.
— O que foi, Lyra? — Iris perguntou.
— Isla sabe fazer... torta de maçã?
— Torta de maçã?
— É que a mãe fazia. Quero dizer, ela fez uma vez.
— Uma única vez?
— Sim, mas tenho certeza de que era maçã — Louisa estava a seguindo.
— Entendi. Isla sabe fazer.
— Como ela sabe tantas coisas?
— Ela costumava cozinhar em casa. Mas apenas doces. Achei que ela tinha esquecido. Bem, ela tinha, mas olha para ela hoje.
Isla Medina estava FELIZ fazendo doces na cozinha das Agulhas. Ela fez tortinhas de maçã, cupcakes, panquecas e crepes também e explicou para Vik o motivo de aquelas galinhas que ela cuidava serem importantes.
— Os doces ficam melhores com ovos de galinha. São mais delicados, o sabor incorpora, são mais suaves. Eu queria que as crianças provassem algo assim.
Estava começando mesmo a parecer Natal. Boas vontades estavam aparentes.
Alguém trouxe uma árvore também, porém...
— Ela parece morta — Foi a conclusão de Vik.
— Todas as árvores parecem mortas aqui — Laurel falou.
— Preciso de luzes, mas para isso, não achei solução.
— É a parte mais simples, Vik.
— É?
— Deixe a árvore e as luzes comigo.
Bem, se tinha alguém que podia criar luzes do nada, com toda certeza, devia ser a CEO da Alien Technology.
Vik ainda não havia visto Louisa ansiosa com algo. Queria dizer, positivamente, ansiosa com algo. Ela ficou andando de um lado a outro o dia inteiro, querendo ver o que estava sendo feito, sentindo todos os cheiros possíveis vindos daquela cozinha, e ela parecia... serena, calma. Quantos anos estava completando? Possivelmente, 26 anos, tal como Lyra. Elas eram muito jovens. Haviam vivido muitas coisas e, ao mesmo tempo, muito pouco. Elas eram carentes de experiências humanas. Mas isso, todos os sobreviventes daquele planeta também eram.
Chegou à noite, um banquete estava montado no refeitório, comida para muitas pessoas, mas havia algo que Vik queria que Louisa visse primeiro.
— Você quer que eu entre...?
— Isso, Laurel fez algo para você ver.
Louisa olhou para Vik. E ela estava uma graça. Geralmente, Louisa só vestia preto, cinza, cores escuras. Mas, quando se conheceram, ela estava usando um suéter azul. Iris havia contado esta informação e, pensando nisso, Vik imaginou como ela ficaria de vermelho. Disse ser uma tradição do Natal. Ela não contestou, vestiu o suéter vermelho.
— Por que você está de branco?
— Como?
— Não seguiu a tradição.
— Ah! Deixei com você o meu único suéter vermelho.
Louisa olhou para o suéter.
— É um alien?
Vik riu.
— É, nós costumamos ter festas de Natal na nave geracional. Ano passado, fizemos suéteres. Fiz este alien.
— Como faz algo assim?
— É... com... lã e agulhas.
— Eu sei, mas como exatamente faz? Minha mãe fazia.
— Ah, eu posso mostrar pra você depois.
— Ok. Eu vou entrar.
E quando Louisa entrou...
Tudo estava lá, projetado na parede: uma enorme árvore-de-natal, viçosa, verde-escura, viva, um pinheiro mais do que vivo, brilhando em milhares de luzes diferentes — verdes, azuis, vermelhas, brancas, lilases, amarelas. Laurel não tinha como conseguir uma árvore viva em algumas horas, mas uma projeção em transparência digital... ela conseguiu em duas horas.
— É como... eram? — Os olhos de Louisa estavam grudados nas luzes.
— Sim. Esta é uma árvore muito tradicional, que ficava na cidade do avô da Laurel, chamada Nova York. Esta era a árvore-de-natal do Rockfeller Center, gigantesca, exuberante assim — Iam caminhando pelo meio da projeção, era como se estivessem lá.
— É gelo no chão, Vik?
— É um ringue de patinação.
Louisa a olhou como quem não faz ideia de nada do que ela havia falado.
— É como... um lago congelado?
— Sim! É como um lago congelado.
— Eu não sabia que tinha esse nome. Quando éramos crianças, deslizávamos por lagos assim em Delta del Tigre — Louisa parou de repente — Aquele urso parece real.
— Ah, o urso é real mesmo.
— É real? — Louisa parecia claramente surpresa.
— Sim, alguns de nós somos realmente bons com agulhas de crochê e somos capazes de fazer algo assim — Vik Caminhou e pegou o urso nas mãos. Era um urso grande e azul — Sempre fazíamos trabalhos manuais na nave, ajuda a passar o tempo.
— Havia... ursos azuis?
— Não, é que... ficamos sem lã de outras cores. Quero que você fique com o urso azul, é um presente.
Louisa pegou o urso, o encarando.
— Por que está me dando o urso?
— Porque é seu aniversário.
— É uma tradição — Segurou o urso pela pata e grudou os olhos nas luzes outra vez.
— Isso. Está vendo ali em cima? É visco.
— Aquelas folhas?
— Isso. É uma tradição natalina escandinava. Diz que, quando duas pessoas param sob o visco, elas devem se beijar.
Louisa olhou para ela e... sorriu.
— Está inventando.
— Não, pede para a Spirit pesquisar.
Mais um sorriso. Ela pesquisou mentalmente. ERA VERDADE.
— Isso existe.
— Existe, claro que sim. Pode ser um beijo no rosto.
Louisa a olhou. E então, colocando seu urso para trás, se inclinou para Vik e a beijou.
Mas não foi no rosto. Foi na boca. Aquele beijo delicado, suave, que durou; não foi curto, não foi rápido, sob o visco projetado, sob todas aquelas luzes que iluminavam a sala de maneira única, enquanto a neve seguia caindo lá fora. Quando se afastaram, Vik estava sem fôlego.
— Obrigada. Por tudo isso. Estou sentindo... conforto. Há calor. Parece vivo.
E aquele foi o melhor Natal para Vik em muito, muito tempo.
Notas da Autora Tessa Reis sobre Extra Especial de Natal Terra-47:
Olá, todo mundo!
O que é isto aqui pelo TR' Clube? Será que finalmente pousou a NAVE DE TERRA-47? hahaha.
Finalmente chegou! Nosso especial de Natal está aqui, com essas duas de quem estamos morrendo de saudades, e eu espero de coração que vocês tenham curtido. :)
Temos boas notícias: Terra-47 está na lista de trabalhos de 2025, e vocês têm o meu compromisso de tirar finalmente o livro dois da minha cabeça e enviar para a mesa de vocês.
Espero que todo mundo tenha tido um Natal lindo e que o Ano Novo chegue cheio de novas ideias, novos projetos e energias renovadas!
Retornaremos em breve!
Grande beijo!
Tessa.
Saudades da Louisa 😍
E "daí" temos que ler novamente Terra 47, porque deu saudade louca dessa linda história...😉